Como é a rotina de uma Auditora? Como foi a preparação para o concurso? Qual é o salário bruto e quais são os benefícios da carreira? Você pode achar a resposta para estas e outras muitas perguntas na entrevista abaixo!
E se você se interessar pela carreira, atualmente o MAPA se prepara para organizar um novo certame. Confira nosso artigo com todas as informações do Concurso MAPA.
1. Além do cargo de Auditor Fiscal Federal Agropecuário, quais seriam os demais cargos passiveis entrada via concurso público?
Com certeza este é o principal cargo. O médico veterinário tem algumas áreas de atuação específica em vigilância sanitária nos Estados, mas o concurso para Auditor Fiscal Federal Agropecuário é, sem dúvida, o objetivo maior que o pessoal procura, por ser um cargo de extrema importância para a medicina veterinária.
Dentro do Ministério da Agricultura, temos ainda: engenheiros agrônomos, zootecnistas e farmacêuticos químicos, que podem ingressar para o cargo de Auditor Fiscal Agropecuário.
2. Qual é a remuneração inicial do cargo?
O MAPA trabalha com planos de cargos e salários onde também tem uma carreira a ser seguida. Esse plano ele se divide em quatro classes (A, B, C e a Especial) e, dentro das classes, nós temos os padrões. O Padrão um, dois e três. Desse modo você vai progredindo na carreira.
Quem entra no início, como o A1, que seria o primeiro do plano carreira, entra ganhando aproximadamente R$ 14.500,00. Logo, o profissional que chegou no último nível, o que seria o especial 4, ganha um pouco mais de R$ 20.000,00.
3. Quais benefícios vem atrelados ao salário?
São aqueles comuns às carreiras públicas, como: auxílio-natalidade; auxilio-pré-escolar; auxilio-saúde. É importante falar que a remuneração é por subsídio e isso é devido a uma conquista da carreira. Antes nós ganhávamos por gratificação.
4. Na prática, o que você faz, como é sua rotina de trabalho?
O meu trabalho, especificamente, é no serviço de inspeção federal. Mas o Ministério da Agricultura tem várias áreas de atuação, como: portos, aeroportos, fronteiras, saúde animal e na fiscalização de insumos. Contando assim uma série de opções.
O serviço de inspeção federal (SIF) tem mais de 100 anos. Em 2015 foi comemorado centenário do SIF (marca que encontramos nos produtos e garante que eles foram inspecionados). O selo é reconhecido mundialmente. Hoje, para um produto nosso ir para fora do país, tem que ter o selo do SIF se não ele não vai sair.
Então, do ponto de vista de exportação, se a indústria quiser vender os produtos para outros países, obrigatoriamente, tem que estar registrado no SIF.
A minha rotina é bem dinâmica. No momento, o Auditor que está lotado no SIF trabalha com duas áreas especificamente de atuação.
A inspeção propriamente dita, encontra-se em avaliar os animais no momento que eles chegam para o abate (onde, no caso entra a questão dos cuidados). Não é porque o animal vai para o abate que ele não deve respeitar todos os princípios do bem-estar.
O debate que temos hoje em dia é humanitário, previsto na legislação. Então, todo esse cuidado de ver se o animal está machucado, fraturado ou precisa de um abate de emergência é da nossa responsabilidade. Toda essa parte nós fazemos antes da morte. E tem a inspeção pós-morte, que seria avaliar a condição da carcaça para ver se ela está apta ou não para consumo humano.
Além disso, nós temos também as fiscalizações que fazemos dentro da Indústria. Hoje, a Indústria trabalha com uma série de programas de autocontrole e o Auditor faz a fiscalização se isso está funcionando.
Temos a frequência de fiscalização de acordo com o estabelecimento. Temos que fazer essas incursões na fábrica para avaliar se o produto está sendo elaborado em condições de inocuidade, para garantir a segurança dos alimentos.
5. Onde pode ser feita as lotações?
Pode ser feita em qualquer lugar do Brasil, nas capitais ou interior, dependendo da disponibilidade de vaga. Neste momento, sem dúvida nenhuma, a maior procura e consequentemente a maior necessidade, é para o interior. Basta olhar os últimos editais, a maioria das vagas são para o interior.
No último concurso, as vagas foram todas para o interior, para atuar no SIF, onde a maioria das indústrias se localizam. Teve vagas do Amazonas até o Rio Grande do Sul.
6. Qual é a jornada diária ou semanal de trabalho? No caso de exceder essas horas, existem horas extras ou banco de horas?
A jornada é de 40 horas semanais. Porém, nós temos demanda das empresas, no qual algumas funcionam 24 horas por dia, então você tem que conseguir conciliar as 40 horas atendendo as demandas necessárias. Não existe pagamento de hora extra no Ministério da Agricultura. Então, você tem que trabalhar com o sistema de compensação de horas, conforme a rotina de trabalho, podendo ser algo combinado.
7. Para quem deseja fazer uma segunda graduação, especialização, mestrado ou doutorado, existe incentivo por parte do MAPA às pessoas que desejam dar continuidade aos estudos?
O MAPA tem um programa de capacitação, desde que você se enquadre nos pré-requisitos necessários, como tempo de serviço e área de atuação. Você pode abrir essa demanda para a sua chefia, seja para um curso de línguas (que também é importante), ou fazer uma especialização, mestrado ou doutorado.
Dependendo da situação, você pode ter uma redução de jornada, por exemplo: cumprir 20 horas semanais e as outras 20 horas se dedicar a especialização. Ou então você pode solicitar liberação total com destino a outro país, passando um ou dois meses. Lembrando que tudo isso tem que ser avaliado, dispondo, exclusivamente, para o serviço que a pessoa executa em seu trabalho.
8. Qualquer um, sendo aprovado no concurso, é capaz de gostar do que faz? Ou a pessoa tem que ter um perfil ou ter algumas características para realmente se sentir realizado nesta profissão?
Eu acho muito difícil não gostar. São várias áreas de atuação e o nosso trabalho é muito importante. Tem uma relevância muito alta para a sociedade. É preciso ter a compreensão de toda a cadeia de produção de alimentos e ser certificado por você no final, é muita credibilidade.
Claro que tem que ter um perfil de dedicação e estudo, pois tudo que você faz como Auditor Fiscal tem que estar bem embasado, seja tecnicamente como legalmente. Então, de repente você se vê numa situação difícil, onde tem que ter o respaldo legal e um respaldo técnico para conseguir tomar certa determinada ação. O perfil que eu vejo para desempenhar o cargo, é de constante estudo.
As legislações mudam com bastante frequência. Nossos produtos chegam para mais de 150 países, sendo que eles têm legislações específicas. É necessário estar antenado a estas legislações. Então, a pessoa tem que ser dedicada, estudiosa. Mas cumprindo esses pré-requisitos, a pessoa vai gosta sim de desempenhar esta função.
9. Como você conheceu esta carreira?
Eu conheci a carreira em 2004, com uma colega de turma. O pai dela era do Ministério da Agricultura. Neste mesmo ano teve um concurso, o pessoal da sala se juntou para fazer e, pela influência da colega, eu fiz a prova sem estudar nada. Em 2007 eu resolvi estudar e me esforçar mais para passar. E aqui estou!
10. Você disse que já chegou a se preparar para outros concursos, me conte um pouco da sua preparação neste processo.
Em 2004, estávamos no final da graduação (no estágio curricular), quando abriu o concurso do MAPA e toda a turma resolveu fazer, para ver no que poderia acontecer. Quando eu vi que fui bem colocada, foi neste momento que me atentei que essa era uma possibilidade para mim. A partir disso, eu fiz vários concursos e fui aprovada em alguns.
No caso específico dos Ministérios, onde são concursos extremamente concorridos, eu me dediquei mais. Eu realizei um curso preparatório. Estudava em casa e, na época, estava fazendo mestrado. Então eu parei com as atividades do mestrado para poder me dedicar aos estudos. E não adianta estudar somente a parte específica, tem também a parte básica que, na maioria das vezes, é o que determina a aprovação. Português, informática, raciocínio Lógico, coisas que você, depois que entra na graduação e no decorrer da vida, não vê mais.
Então, a minha rotina de estudos foi bem intensa, desde o momento que abriu o edital até a data da prova.
11. Quando a gente imagina um médico veterinário, nós pensamos em alguém que tem mais amor aos animais. Como foi sua primeira experiência em um abate, por exemplo?
É complicado. Por mais que a gente fale em abate humanitário, não é uma cena que todo mundo gosta de ver. Mas hoje nós temos leis que protegem os animais, desde sua criação até o abate.
Chegou no frigorífico, há práticas que tem que ser feitas para que ele não sofra. E, se sofrer, sofra com menos intensidade. Existem métodos de insensibilização que são aprovados e devem ser usados de acordo com a espécie. Dentro de um frigorífico tenha essa visão muito clara, de proteger e verificar se todas as normas de abate humanitário estão sendo atendidas pela indústria.
E isso, hoje, é uma realidade. Não tem como voltar atrás, você tem que preconizar essas boas práticas para que até a carne ou o produto seja de qualidade. E ter a certeza de que aquele animal sofreu menos possível, é bem importante.
12. Na sua opinião, qual a importância da profissão?
Todo produto de origem animal tem que ser inspecionado, se não ele é considerado clandestino. Eu entendo que os cuidados que nós temos não é só com a profissão, mas também é com o animal e com o ser humano.
É importante lembrar que é questão de saúde pública. Você comer um alimento que não foi inspecionado seja: carne, leite, mel, ovos, pescados ou derivados, que não foi inspecionado é uma situação muito séria. Essa nossa profissão é muito interessante por conta disso. Você cuida da saúde dos animais que chegam e você cuida também da saúde do homem que vai consumir aquele alimento.
Fonte: Estratégia Concursos
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